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Fabíola Fonseca: economia criativa para gerar renda

Novos modelos de negócios colaborativos e criativos são as grandes tendências de negócio da atualidade. A Easy Táxi, por exemplo, facilita o encontro de taxistas e passageiros e faz o intermédio de milhares de corridas diariamente. Por meio da tecnologia, taxistas tiveram grandes problemas resolvidos: a queda da ociosidade nos pontos e também a economia de recursos no caso dos bate-latas (aqueles que não tinham um ponto fixo para trabalhar e, por isso, rodavam a cidade em busca de clientes). Graças aos aplicativos, hoje é possível emendar uma corrida na outra, fato que gerou aumento de 20% de faturamento da categoria.

Assim como a Easy Táxi, a ideia de Fabíola Fonseca é absolutamente vanguardista. A empreendedora de 43 anos criou, em 23 de dezembro de 2015, um modelo de negócio em que, em vez de concorrentes, as mulheres da gastronomia se vissem como parceiras: o Mulheres do Café.

Nesta iniciativa, empreendedoras que produzem menus para eventos e coffee breaks se cadastram em uma plataforma digital. Ao receber um pedido de orçamento, as primeiras empreendedoras que manifestarem interesse são selecionadas para trabalhar no evento e informam seus preços. Se o orçamento for aprovado pelo cliente, estas pequenas empreendedoras trabalharão juntas, em equipe. “Já estamos em 10 estados, distribuindo trabalho, ideia e renda”, comemora Fabíola.

Dona do próprio negócio

Ter um emprego fixo nunca fez parte dos planos de Fabíola, que é filha, neta e bisneta de comerciantes. “Aos 8 anos eu vendia bala na escola. Já aos 10, vendia quadrinhos de pirógrafo. Aos 14, tinha uma empresa de sanduíche natural”, lembra. Cinco anos mais tarde, ela assumiu a empresa da família, que deixou já no ano seguinte para apostar no próprio empreendimento.

A iniciativa deu tão certo que, aos 28 anos, ela tinha um grupo de empresas, que somava mais de 100 funcionários. “Quando teve o bug do milênio, tive um bug pessoal. Tinha casas em condomínio, era casada, mas não era feliz”, conta a empresária, que não queria apenas funcionar, mas ajudar pessoas a empreender.

Por conta do divórcio, teve de vender o grupo de empresa que tinha. Em seguida, montou uma empresa de eventos, uma ONG e até uma consultoria “por acaso”. “As pessoas me procuravam para pedir dicas. E estudo comportamento humano até hoje”, acrescenta.

Diferenciais

Apesar de escrever o modelo de negócios do Mulheres do Café, Fabíola defende que o negócio é aplicável para qualquer outro tipo de empreendimento. “Como fazer isso é o caminho que temos de trabalhar daqui para frente”, adianta.

Os grandes segredos deste modelo, segundo a empreendedora, são a inclusão que o projeto proporciona, a autonomia das participantes e mostrar que as mulheres podem empreender. Porém mais do que simplesmente vantajoso para as envolvidas, o projeto apresenta ótimo custo-benefício também aos contratantes. “Por que é vantajoso? É mais um canal de vendas para as empreendedoras. Para as grandes empresas que precisam de responsabilidade social e o sabor é outro, o atendimento é diferenciado”, conclui Fabíola, que agora visa acentuar a prospecção e também viajar o País para desenvolver mulheres de outras regiões.

Camila Bez

Jornalista especialista em contar histórias de superação. Feminista, sonha em criar um mundo mais igualitário e justo para as mulheres por meio da informação e do empoderamento econômico.

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